Reganho de peso: é possível tratar com plasma de argônio?

Alguns pacientes voltam a engordar após a cirurgia bariátrica. Esse reganho de peso pode ser atribuído a maus hábitos alimentares, sedentarismo, abandono do acompanhamento com a equipe multidisciplinar ou facilitado pelo rápido esvaziamento dos alimentos no novo estômago – causado pela dilatação da anastomose gastrointestinal, provocando maior ingestão alimentar e aumento de peso.

O reganho de peso após 2 anos ou mais de cirurgia bariátrica é normal, mas os pacientes devem se atentar caso readquiram 10% ou mais do peso mínimo após a cirurgia, com dilatação da anastomose maior que 20mm.

A anastomose gastrointestinal é a emenda cirúrgica entre o estômago reduzido e o intestino delgado. Recomenda-se que tenha diâmetro igual ou menor que 12mm. Ela pode ir se dilatando naturalmente com o tempo, fazendo com que o alimento ingerido tenha passagem fácil e rápida, diminuindo a saciedade alimentar do indivíduo e fazendo com que ele coma mais.

O plasma de argônio é uma técnica endoscópica utilizada para a redução do diâmetro da anastomose, auxiliando na normalização da saciedade alimentar do paciente e perda de peso, desde que seja associada à bons hábitos alimentares e prática de atividade física. O procedimento também pode ser feito para:

  • hemostasia (parar sangramentos);
  • dissecção de tumores que estejam obstruindo qualquer órgão;
  • cauterização de lesões sangrantes no trato digestivo;
  • cicatrização ou retração cicatricial em qualquer área do trato digestivo.

Como funciona?

O primeiro passo é uma avaliação para saber se o paciente é um candidato ao procedimento, sendo necessária uma endoscopia para visualizar se ele possui anastomose alargada. Outros exames como o de coagulação também podem ser solicitados pelo médico.

O procedimento é feito por endoscopia, sob sedação leve (não é necessário anestesia geral). É inserido um cateter com duplo lúmen por dentro do endoscópico até a região a ser aplicada o plasma de argônio, onde é disparado uma corrente elétrica por um lúmen do cateter e pelo outro lúmen passa o gás argônio. Quando a corrente elétrica e o gás argônio se encontram na ponta do cateter, próximo a mucosa, formam então um plasma de coagulação de desnatura o tecido aplicado.

Para solução do problema são necessárias pelo menos duas sessões, mas cada caso varia de acordo com o diâmetro inicial da anastomose e da cicatrização individual de cada paciente.

O método é minimamente invasivo, seguro, rápido e com baixo índice de complicações. Estudos mostram que o plasma de argônio é eficaz em mais de 70% das vezes com objetivo de fechar a anastomose, e também apontam perda média de 90% do peso reganhado. Para sucesso, é necessário acompanhamento multidisciplinar, principalmente com nutricionista.

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