Adiar ou não a cirurgia bariátrica durante a pandemia de Covid-19?

Com a pandemia da Covid-19, uma dúvida assola as pessoas que necessitam de cirurgias que não são classificadas como emergência, entre elas estão os pacientes obesos com recomendação para cirurgia bariátrica e metabólica. Realizar ou não a cirurgia nesse momento? Como avaliar os riscos diante dos benefícios em realizar o procedimento?

Para os pacientes obesos estas perguntas têm sido respondidas por diversos estudos e evidências que mostram o alto risco de agravamento da Covid-19 e de algumas comorbidades nas pessoas que estão com o peso muito acima do recomendado.

Artigo escrito por 23 especialistas, incluindo brasileiros, e publicado no periódico científico The Lancet, mostra que, em alguns pacientes, atrasos na realização da cirurgia bariátrica podem significar o agravamento rápido em problemas de saúde como disfagia grave (uma dificuldade para engolir alimentos) e a hérnia interna sintomática. Além dessas questões que poderiam ser classificadas como cirurgia de emergência, há as comorbidades já há muito tempo conhecidas e relacionadas à obesidade como: diabetes, hipertensão, dislipidemia, problemas cardíacos, insuficiência hepática, doença renal, problemas ortopédicos e câncer.

Classificação de risco

O estudo publicado no The Lancet propõe uma classificação de risco para os pacientes obesos a fim de avaliar a urgência da realização da cirurgia.

Categorias de acesso à cirurgia bariátrica e metabólica

Acesso urgente: cirurgia dentro de 30 dias
Paciente com condições que apresentam potencial de deterioração rápida como: disfagia (dificuldade de engolir) grave ou vômito, hérnia interna sintomática ou deficiências nutricionais graves.

Acesso acelerado: cirurgia dentro de 90 dias

  • Paciente com risco de morbidade ou mortalidade e quando há o risco de reduzir a eficácia do tratamento de a cirurgia atrasar mais de 90 dias.
  • Regimes médicos complexos ou necessidade de insulina.
  • Quando a perda de peso, melhora metabólica, ou ambas, são necessárias para permitir tratamentos sensíveis ao tempo (por exemplo, transplantes de órgãos ou cirurgia ortopédica).

Acesso padrão: cirurgia após 90 dias

  • É improvável que as condições do paciente se deteriorem dentro de 6 meses.
  • Apenas disfunção ou sintomas leves.
  • Atrasar o tratamento cirúrgico por mais de 90 dias, provavelmente, não reduzirá significativamente eficácia da cirurgia

 

Agravamento da Covid-19 nos obesos

Os pacientes obesos devem levar em consideração, além destas comorbidades e riscos já conhecidos, o fato de que estão mais vulneráveis ao agravamento da Covid-19. A obesidade aumenta o risco de complicações por infecções respiratórias virais. Durante a pandemia de influenza H1N1 em 2009, na Califórnia, nos EUA, 91% das pessoas que morreram tinham obesidade. Entre os pacientes que necessitam de terapia intensiva por causa da Covid-19 a obesidade classe 2 e 3, quando o IMC é maior que 35, por si só já é um fator de risco para o agravamento da doença.

Um grupo de cientistas da Unicamp está pesquisando o porquê desta maior vulnerabilidade. Uma das hipóteses é que o tecido adiposo serviria como um reservatório para o vírus SARS-Cov-2, causador da Covid-19, fazendo com que os pacientes obesos tenham uma maior carga viral.

O cirurgião bariátrico e coordenador do Instituto Baiano de Obesidade, Daniel Proença, explica que tem avaliado criteriosamente com cada um de seus pacientes qual a melhor estratégia nesse momento. Quando ficar claro para o paciente em consenso com toda a equipe multidisciplinar do IBO, que realizar a cirurgia será a melhor alternativa, todos os cuidados prévios serão tomados e a cirurgia será agendada.

 

Pacientes já operados estão mais protegidos

Os pacientes que já foram operados e contraíram a doença tiveram um prognóstico muito melhor. Fernanda Pinto, 36 anos, operada há um ano pelo médico Daniel Proença e assistida pela equipe IBO, conta que antes da cirurgia havia sido diagnosticada com ansiedade e tinha picos de hipertensão. Após a cirurgia ela teve boa recuperação. Desde o início da pandemia Fernanda está trabalhando em home office e sai de casa apenas para ir ao mercado, farmácia ou médico. Mas ainda assim foi contaminada pelo novo coronavírus “contraí a Covid-19 por meio de meu marido que sai para trabalhar. Dois colegas dele estavam infectados e acabaram contaminando quase todos no trabalho. Eu tive diarreia, muita dor de cabeça por 5 dias, mas depois passou. Estava sob orientação médica e só fiz uso de dipirona para dor de cabeça. Acredito que se estivesse com o mesmo peso do início do tratamento contra a obesidade poderia ter tido algo mais grave. Já que a obesidade causa um processo inflamatório em todo o corpo. Além disso, minha alimentação era completamente errada. O que certamente contribuiria para baixa imunidade. Hoje minha alimentação é seguida de acordo com as orientações da equipe do IBO. Me alimento, basicamente, de frutas, verduras, proteínas e sempre bebo bastante água. No meu entendimento a bariátrica foi um fator protetor contra o agravamento da Covid-19 no meu organismo”.

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O índice de massa corporal (IMC) é um dos parâmetros mais utilizados para classificar sobrepeso e obesidade em adultos. Ele é calculado a partir da divisão do peso (em quilos) pela altura (em metros) ao quadrado.

Quanto mais alto o IMC, maiores os riscos de doenças como diabetes, hipertensão, apneia do sono, doenças de articulações, entre outras.

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